Série Quarentena 2006 - Reflexão sobre as 154 obras pintadas

Durante a execução desta série de pinturas, 154 obras, investiguei, experimentei várias técnicas e materiais, testei a mão numa variedade de estilos. Deixei a intuição, a espontaneidade e a espiritualidade, a influência das vivências, das viagens e da minha longa experiência com crianças, passar para a tela, num confim de cores quentes primárias.

Nesta série a simplicidade do traço, a energia criativa, a paixão pela descoberta da arte, a ingenuidade, brotou num colorido alegre e contagiante.

A improvisação, espiritualidade e inspiração foram dando longos momentos de encontro com a verdade, com a liberdade, com o meu Eu pessoal.

A força de vontade, a rapidez na execução das obras, foram de uma intensidade e de uma dedicação ao trabalho que me impressionou e que superou a minha debilidade física.

A descoberta deste ofício fez-me dar um novo rosto à vida, ao futuro. O acto de criar faz-me entrar na essência espiritual e emocional do Universo. É um meio livre de expressão energética "é a transformação da vida física na espiritual".

Frente à tela, nunca sei o que vou fazer, deixo a inspiração, a espontaneidade e a infantilidade dar formas de cor e, fico surpreendida com o que sai.

Cada dia, cada momento, é de execução de trabalhos diferentes, numa contradição de estilos que são o paradigma das contradições naturais do estar Vivo, do Ser humanizado, das experiências vivenciadas.

A arte não pode e não deve ser espartilhada num determinado estilo, mas reflectir a interioridade do ser Pessoa, com vivências, sonhos acalentados e imaginação projectiva.

Ângela de Sousa